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  • Foto do escritorChristina Brazil

Deficiência e Alma

Atualizado: 13 de abr. de 2020


Uma bela moça, desenhada a lápis, de corpo esbelto, segurando uma guia para cegos. O fundo degradê, com tons de amarelo, laranja e roxo, onde, o amarelo está no contorno da moça e o roxo nas bordas da imagem.

Vivemos imersos em um mundo que nos proporciona diversos tipos de sensações. Percebemos o mundo através das informações externas que recebemos e é através da


experiência corporal que permite o emergir dos sentidos [...] Neste sentido, a experiência perceptiva é que vai mostrar a relação dinâmica do corpo no mundo como um sistema de forças. O corpo é, então, visto numa totalidade em sua estrutura na relação com as coisas ao seu redor; o sentido já é imanente ao movimento, pois a relação no mundo é sempre significativa. O homem, ao se movimentar, já está dirigido para alguma coisa e caminha num espaço significativo. Assim, dispor de todos os órgãos do sentido é diferente de contar com a ausência ou diminuição de um deles, pois muda o modo próprio de estar no mundo e de relacionar-se. (AMIRALIAN, 1993, p. 111).

A sociedade propõe uma (pseudo)padronização da percepção do mundo físico, entretanto, aquele que não se enquadra a este perfil, está fadado a receber alguns rótulos, que muitas vezes lhes fazem carregar um estigma que não é seu. Este peso, muitas vezes fica mascarado no inconsciente de quem o carrega.

É importante pensar que o impacto psicológico de um processo de exclusão e/ou inclusão selvagem (MAZZOTTA, 2008), bem como da inclusão perversa (SAWAIA, 2008), fica, em muitos casos, “na esfera do sofrimento de quem é perversamente incluído, injustiçado socialmente. Esse sofrimento pode ser diagnosticado como uma depressão, por exemplo” (BRAZIL, 2015, s/d).

Mazzotta (2008) afirma que “aquele que fica separado dos demais, isolado, privado de sua capacidade de agir, está socialmente morto” (p.166).

Certa vez fui convidada a participar da mesa redonda intitulada A inclusão do deficiente e a atuação do psicólogo (BRAZIL, 2015). Neste trabalho pensei em algumas questões, dentre elas, destaco a que julguei mais importante para nosso diálogo de hoje:

Como trabalhar com uma pessoa com deficiência que vive em um contexto que acarretou a “Morte” de seus Sonhos, e a tornou uma pessoa pseudofeliz?

Confesso que, na época, não achei uma resposta que preenchesse esta lacuna, talvez por estar voltando meu olhar na direção errada, para fora e não para dentro. Mas o que de fato há dentro de nós? Dentro de nossos corpos imperfeitos, corpos socialmente (pre)destinados à exclusão, à (d)eficiência.

Em várias literaturas lemos que existe a alma e que é ela que nos dá vida. As muitas afirmações/conceituações que se faz da alma “são cada uma em si mesma e todas elas posições verdadeiras, na medida em que são afirmações sobre a alma feitas pela alma. Elas são a descrição que alma faz de si mesma na linguagem do pensamento” (HILLMAM, 1993, p. 57).

Hillmam (1993) afirma que “a ‘alma’ não é realmente um conceito, mas um símbolo” (p.58). Mas como, de fato, interpretamos nossa alma? Nós que somos vistos e que nos vemos como (d)eficientes.

Termino este texto, não com uma resposta, mas com uma proposta...

Alma

Diz-me quem és

Conta-me seus anseios

Desnuda-me teus segredos

Quero navegar em teu universo

Sentir tua energia

Ver com teus olhos

Eu e Tu em um só corpo

Transcendendo tudo o que se conhece

Metabolizando o futuro

Tornando o Ilusório Realidade

Não pense, caro leitor, que paramos por aqui... este texto é apenas um prelúdio de uma bela jornada...

Boa Semana!

Referências:

AMIRALIAN, Maria Lúcia T. M. INTERAÇÃO — condição básica para o trabalho do profissional com o portador de deficiência visual. Em Aberto, Brasília, ano 13, n.60, out./dez. 1993.

BRAZIL, Christina Holmes. A inclusão do deficiente e a atuação do psicólogo. Blog: Inclusão: casos e “causos”. Publicado em 13/09/2015. Disponível em: http://inclusaocec.tumblr.com/post/129026460835/a-inclus%C3%A3o-do-deficiente-e-a-atua%C3%A7%C3%A3o-do-psic%C3%B3logo

HILLMAN. James. Suicídio e alma. Petrópolis: Vozes, 1993

MAZZOTTA, Marcos José da Silveira. Reflexões sobre inclusão com responsabilidade. Revista @mbienteeducação, São Paulo, v.1, n. 2, p. 165-168, ago./dez. 2008.

SAWAIA, Bader B. Introdução: exclusão ou inclusão perversa? In: SAWAIA, Bader B. (Org.). As artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social. Petrópolis: Vozes, 2008a. pp. 7-13


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