
A ideia de escrever sobre meus casos e causos surgiu no ano de 2013 em uma tímida iniciativa em um blog, o "Inclusão: casos e causos", mas como escrevi aqui, em outros posts, a concepção original evoluiu, alçou voos e tomou a forma de "vida e arte".
Aos poucos revisito os antigos textos e os contextualizo com o momento presente. O bom da vida é a proposta de evolução, crescimento, aprendizado e, no casso dos meus escritos, fica evidente o caminho trilhado com experiências significativas que agregaram conhecimento, maturidade e amor.
Mesmo, por vezes, julgando minha antiga escrita asséptica ou áspera, penso que é importante trazê-las à tona, sob novo contexto e aproveitando atuais contextos, que no caso de hoje está relacionado à quarentena imposta pela Covid-19, mas que não me impede de continuar... O texto que trago tem o mesmo título desse: "Vamos mudar o Mundo?" (BRAZIL, 2013).
Acredito que a emancipação seja a minha meta de vida. Nós sempre temos algum(ns) objetivo(s), que podem ou não mudar ao longo de nossas vidas. Pois é... acredito que independentemente dos meus objetivos de vida, a emancipação seja uma espécie de amálgama da essência que norteia o meu ser.
Isso é tão sério que as minhas escolhas de vida sempre estão alinhadas com este conceito, mas não só em uma concepção egoísta da minha emancipação, mas sempre visando o coletivo, agregando, somando, produzindo.
A diferença entre inclusão e emancipação, em minha opinião, é extremante sutil, no caso da inclusão, como se vê nos dias de hoje, é uma obrigação social para com os excluídos, em que a sociedade diz: temos que incluir o sujeito com deficiência, por exemplo. E o sujeito está lá. Mas onde? Quem é ele?
Já no caso de um processo emancipatório, o sujeito é ativo e diz, em primeira pessoa (tanto do singular, quando do plural): eu sou capaz; nós construímos; etc. Em meu entendimento a emancipação é o upgrade da inclusão, que por sua vez foi o upgrade da integração.
O sujeito emancipado agrega conhecimento, possui ideias, compõe a diversidade, constrói o conhecimento, é economicamente produtivo. Mas a emancipação só será possível se entendermos e praticarmos o conceito de democracia. Trago um excerto de Edgar Morin, sensacional, que sintetiza brilhantemente, em minha opinião, o conceito de democracia:
“A democracia supõe e nutre a diversidade dos interesses, assim como a diversidade de ideias. O respeito à diversidade significa que a democracia não pode ser identificada com a ditadura da maioria sobre as minorias; deve comportar o direito das minorias e dos contestadores à existência e à expressão das ideias heréticas e desviantes. Do mesmo modo que é preciso proteger a diversidade das espécies para salvaguardar a biosfera, é preciso proteger a diversidade de ideias e opiniões, bem como a diversidade de fontes de informação e de meios de informação (impressa, mídia), para salvaguardar a vida democrática” (MORIN, 2001, p 108).
Mesmo sem ter essa bagagem conceitual, fiz o curso de Direito (1998), pois, na época, acreditava que o meio jurídico era um dos caminhos para a inclusão, num aspecto legal, principalmente no que tange a efetivação do direito à igualdade, da democracia, etc.
É obvio que quando terminei o bacharelado em Direito eu não estava satisfeita, já tinha entendido que a legislação por si não contempla, nem resolve, as questões relacionadas com a inclusão/exclusão.
Pensando na prevenção da exclusão, voltei meus esforços para a Educação cursando Pedagogia (2004), o Mestrado em Educação (2008), Especialização em Educação Especial (2009), dentre outros. Essa concepção se baseia no fato de entender que a educação forma os futuros cidadãos que compõem a sociedade.
Talvez esse seja um trabalho de formiguinha, mas mesmo sabendo que aos olhos dos outros sou deficiente, tenho plena certeza que sou eficiente em minhas metas.
Certamente tem dias que o cansaço vem, mas quando uma pessoa que respeito muito me diz: – Sua mente supera sua deficiência –, penso que minha mente pode mudar o mundo, nem que seja só um pouquinho, um tantinho...
Nisso reside o “causo” de hoje, pergunto a você caro(a) leitor(a), em seus desafios diários, pequenos e/ou grandes, quantas vezes você procura mudar o mundo, nem que seja só um pouquinho, um tantinho?
E quando escrevo aqui, tenho a intenção de cutucar você, caro(a) leitor(a), a fazer parte desse movimento invisível de busca pela emancipação, que começa dentro de nós, o resto vem com o tempo.
Sete anos depois a meta continua, só que conceitualmente mais robusta, com uma força interna consciente mais potente e, mesmo em quarentena, continuo cutucando você amigo(a) leitor(a): em seus desafios diários, pequenos e/ou grandes, quantas vezes você procura mudar o mundo, nem que seja só um pouquinho, um tantinho?
Defendo incansavelmente uma ideia simples...
...uma ideia justa...
...que nasce do coração...
...e amadurece na mente...
Talvez essa seja a minha diferença.
Seja feliz e que teus sonhos sejam a tua realidade!
Até o próximo texto!
Referência:
BRAZIL, Christina Holmes. Vamos mudar o Mundo? Site Inclusão: casos e causos. Publicado em 25 de agosto de 2013, 2013. Disponível em https://inclusaocec-blog.tumblr.com/post/59353184171/vamos-mudar-o-mundo Acesso em 20/11/2020
MORIN, Edgar. Os Sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2001.
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